quarta-feira, 13 de abril de 2011

UMA CÉTICA NA UMBANDA

Segue o testemunho de uma irmãzinha que freqüenta a Casa de Zé Baiano:

Minha trilha, de como vim parar aqui:

Eu não era simplesmente cética, era também precoce: Tinha oito anos quando cheguei à conclusão de que Deus não existia. E cresci sob a certeza de que fé era sinônimo de déficit de inteligência e fraqueza moral.

Lá pelos 15 repensei um pouco a coisa e aderi ao agnosticismo mais clean possível: afirmo que não posso afirmar nada. Tenho fé em não saber. Afinal, afirmar - sem provas - que definitivamente Deus é falso é tão extremista e ilógico quanto afirmar que Ele decide nosso destino. Eu nunca vi Deus pessoalmente, mas também nunca vi o Acre e acredito que ele exista! E assim continuei.

É interessante como os céticos, quando em debate com religiosos, pedem provas racionais dos milagres, premonições ou outros fenômenos. Interessante porque a fé é essencialmente sensorial e subjetiva. Mesmo tendo sua parcela de estrutura lógica, a fé é justamente a experiência que transcende a lógica.
Eu não compreendo Deus, eu O sinto.

Mas como isso foi entrar na minha cabeça de coco? É o que se chama, em literatura, de turning point: o ponto de desequilíbrio do enredo, quando as personagens se veem obrigadas a se readaptar. Em outras palavras, é quando a vida te dá um chacoalhão. Ele pode ser carinhoso ou bruto, longo e suave ou rápido e intenso. Mas, de qualquer forma te faz repensar.

Te faz pensar que certas coisas são coincidência demais; que algumas sensações precisam ser respeitadas; que se emocionar diante da natureza é inevitável; que você pode fazer melhor pelo mundo e pelas pessoas ao seu redor... Que talvez, só talvez, pensar isso tudo não seja por acaso!

Não vou falar mal da minha vida antes do turning point. Que me sentia perdida, ou que era uma pessoa pior (de fato, eu me sentia assim, mas sair disso foi um processo muito mais amplo do que simplesmente "aceitar Jesus". Aliás, eu acho mesmo que sair dessa me levou a ter fé, e não que ter fé me fez sair dessa). Acho mesmo que precisei passar por tudo de bom e de ruim que me aconteceu sem ter fé. Essas experiências me moldaram como sou e me amadureceram de forma que, quando me encontrei com a minha espiritualidade, não estava sujeita a me permitir cegar por ela.

Ninguém vai me ouvir proclamar que a Umbanda é o único e verdadeiro caminho, ou que os outros não merecem respeito, pois são falsos (idéia, aliás, que a própria Umbanda rejeita).

Embora minha cabeça ainda resista, meu coração deisistiu de procurar explicação para o inexplicável. Não parei de me questionar, mas entendi que há realmente "mais coisas entre o céu e a terra do que sonha nossa vã filosofia" e que eu com meu pensador ligado no 220 precisa ser humilde se quiser aprender com a vida. Aprendi a agradescer, até agora essa foi a lição mais importante.

Aprendemos com a cabeça sim, mas também com o coração, com os poros e até com os fios de cabelo.
Se estivermos abertos, claro.

Mafalda.


Um comentário:

  1. Palavras de Zé Baiano:
    O amor, caridade e paz são elementos básicos para conquistarmos a nossa evolução.
    E são básicos, também, para nosso equilíbrio emocional e mental!
    Demonstre amor, caridade e paz em todas as oportunidades, e veja que a sua evolução cresce cada vez mais dentro de você.
    A felicidade não pode estar em nada que esteja fora de você. Busque-adentro de você, pois a felicidade é deus, e ele mora dentro de você. Pare de tentar decifrar Deus, apenas sinta-o.
    Abençoados são aqueles que crêem sem ver.
    Zé Baiano.(Estou orgulhoso e muito feliz por vc)

    ResponderExcluir